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Transtorno Afetivo Bipolar: Condição que afeta cerca de 1% da população

Transtorno Afetivo Bipolar

Imagine viver em uma montanha-russa emocional constante. Isso é o que muitas pessoas com Transtorno Afetivo Bipolar enfrentam.

Mudanças bruscas e prolongadas de humor que prejudicam seriamente a vida de uma pessoa, podem ser um sinal do que é conhecido como Transtorno Afetivo Bipolar. As alterações de humor no Transtorno Afetivo Bipolar são extremas, não são claramente explicadas por fatores externos e trazem grandes prejuízos para a vida da pessoa.

O Transtorno Afetivo Bipolar não é apenas uma questão de altos e baixos emocionais. Estudos mostram que ele afeta cerca de 1 em cada 100 pessoas (Fonte: NIMH). A principal característica é a presença do que chamamos de um episódio maníaco ou depressivo. O episódio maníaco ocorre quando alguém repentinamente demonstra uma extrema euforia, autoconfiança, impulsividade e irritação por um período que pode durar dias, semanas ou meses. Esse estado é diferente de como a pessoa normalmente se comporta e não existem razões claras que justifiquem. Por conta dessa mudança de humor, a pessoa pode acabar dormindo menos, pensando e falando muito rápido, gastando muito dinheiro e se envolvendo com muitas atividades. Tudo isso leva a pessoa a se comportar de um jeito que prejudica consideravelmente suas relações sociais, profissionais e seu bem-estar.

Já o episódio depressivo ocorre quando a pessoa repentinamente se sente muito triste, culpada, desesperançosa e perde o prazer pelas suas atividades por um período de tempo que também pode variar de dias a meses de duração. Um ponto importante, é que toda essa instabilidade emocional tem repercussões sérias e negativas para pessoas com este diagnóstico. Não é à toa que pessoas vivendo com essa condição tem uma chance muito maior de cometer suicídio, endividar-se gravemente e se isolar socialmente.

Muitos fatores contribuem para o desenvolvimento do Transtorno Afetivo Bipolar. Sabemos hoje que pelo menos 226 genes estão associados com este transtorno. Isso quer dizer que a influência destes genes neste caso é muito complexa e que alguns genes podem ter importâncias diferentes de caso para caso. Algumas partes do cérebro de pessoas com este transtorno podem diminuir de tamanho ao longo do tempo e possuir um funcionamento diferente do que se observa em outras pessoas. Isso é mais observável nas áreas relacionadas com a regulação das emoções e inibição do comportamento como: as amígdalas cerebelares e o córtex pré-frontal. Essa diminuição ajuda a entender porque o transtorno tende a surgir na fase adulta e se agravar ao longo da vida.

Ter um humor fluido é algo que faz parte da condição humana. Algumas pessoas têm o humor mais estável, outras possuem o humor menos estável, mas isso isoladamente não nos diz muita coisa sobre a saúde mental de uma pessoa. O humor instável pode ou não indicar essa e muitas outras condições psicopatológicas, por isso, outras informações são usadas de maneira integrada durante o psicodiagnóstico desta condição. A depender da presença, duração, gravidade e nível de alternância entre episódios maníacos e depressivos, uma pessoa pode ser diagnosticada em um dos tipos de Transtorno Afetivo Bipolar, como por exemplo o do tipo 1, tipo ou ciclotimia. O diagnóstico nestes casos pode ajudar no planejamento do tratamento, que pode envolver o uso de medicações e também a psicoterapia.

Muita gente acha que ter um humor instável é o mesmo que possuir o transtorno bipolar e isso não é verdade. O psicodiagnóstico feito por um profissional qualificado é a melhor maneira de saber se as suas condições de vida se assemelham à condição que chamamos de Transtorno Afetivo Bipolar.

Os tratamentos dessa condição avançaram nas últimas décadas. Hoje em dia, uma pessoa que consegue aderir ao tratamento pode ter uma vida plenamente satisfatória.