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Vício em jogos: um problema de saúde pública

Recentemente, o portal UOL publicou uma matéria sobre uma pessoa viciada em apostas, especificamente em jogos de futebol, e a reação da mãe quando percebeu os sintomas do transtorno no filho.

Na visão da psiquiatria, o vício se caracteriza pelo uso compulsivo de algo, não necessariamente uma substância entorpecente mas, como no caso exemplificado na matéria, um hábito nocivo, que se caracteriza como incapacitante e com consequências negativas e dependência.

Vício em jogos

O vício em jogos é classificado como transtorno chamado jogo patológico. É um atrativo, pois se classifica como busca constante de prazer e bem-estar, e nem sempre está relacionado a um transtorno mental pré-existente, como ansiedade e depressão. Pode começar como um ato inofensivo, apenas diversão, e condicionar a algo dependente.

O sintoma mais comum é a dependência comportamental, levando a mentir e enganar pessoas queridas, prejudicando o convívio social e a produtividade no trabalho ou estudo, bem como a saúde financeira da pessoa ao longo do tempo. Ela pode desenvolver outros problemas, como irritabilidade, ansiedade e insônia, e levá-la a negligenciar a própria alimentação e higiene.

Os vícios se alimentam de um sistema de dependência que leva o adicto a querer cada vez mais tal produto/prática, correndo mais riscos para aumentar a fonte de prazer. A noção de realidade fica desordenada e o convívio com outras pessoas, mais difícil.

Estigma social

É importante falar sobre os vários tipos de vícios, de forma que o transtorno não seja apenas associado a drogas e alcoolismo. Os jogos de aposta, por exemplo, atualmente podem ser feitos no próprio quarto, não levantando suspeitas de “sumidas” ou com sintomas tão aparentes, como o vício em substâncias químicas. Estar atento aos comportamentos associados a esse transtorno pode ajudar a identificá-lo em pessoas próximas.

Os vícios devem ser tratados como problema de saúde pública, e não como demérito ou inferiorização da pessoa. Essa conscientização é necessária para que ela possa admitir que é adicta sem temer julgamento daqueles que ama; o reconhecimento é o primeiro passo para se iniciar o tratamento psiquiátrico.

Uma vez reconhecido o vício em apostas, o adicto, apoiado por pessoas próximas, deve procurar avaliação psiquiátrica e começar o tratamento médico o mais brevemente possível, seja com psicoterapia, seja com medicamentos e acompanhamento psiquiátrico. O apoio e a compreensão de amigos e familiares são fundamentais para a recuperação desse paciente.